O coronavírus (COVID-19) têm mudado não só a maneira como as pessoas se relacionam, como também a forma como elas consomem, o que afeta diretamente o mercado de indústria e varejo. Segundo uma pesquisa recente da Nielsen sobre o tema, os consumidores estão mudando seu comportamento de compra, o que pode moldar futuros padrões de consumo.
De acordo com a análise feita pela instituição, durante a pandemia, o comportamento dos consumidores abrange 6 fases, que mudam à medida que o vírus avança ao redor do mundo e também à medida que a doença se aproxima das suas comunidades.
As fases dão sinais precoces de gastos com suprimentos de saúde e alimentos que são escolhidos para estocar em caso de emergência, além de mudanças na forma como os consumidores estão fazendo compras.
A pesquisa dá um norte de como os segmentos de indústria e varejo podem se preparar para atender a demanda dos consumidores em um momento de incerteza e crise para todos. Acompanhe!
Quais são as mudanças no comportamento do consumidor em virtude do coronavírus?
O coronavírus já causou uma série de mudanças na jornada de compra do consumidor. O objetivo da pesquisa da Nielsen é entender quais novos comportamentos de compra virão a seguir, quanto tempo eles irão durar e se os clientes vão manter esses padrões quando o vírus for controlado.
De antemão, a pesquisa divulgou que os comportamentos estão sendo iguais em vários mercados globais e estão relacionados aos ciclos de notícias divulgadas sobre o avanço do COVID-19. Dessa forma, foram identificados 6 estágios e logo abaixo explicamos cada um deles.
1º estágio: compra pró-ativa voltada para saúde
A primeira fase está relacionada às notícias de pessoas que contraíram o vírus ao voltar de alguma viagem de um país já afetado. Nesse caso, a pesquisa identificou que há um aumento no interesse em produtos que ajudam, de maneira geral, a manter a saúde e o bem-estar das pessoas.
2º estágio: gestão reativa da saúde
No segundo estágio, as pessoas começam a se preocupar em priorizar compras de produtos essenciais e diretamente relacionados à saúde e/ou que ajudam a evitar a contaminação, por exemplo, luvas, máscaras faciais e álcool em gel.
Esse comportamento está diretamente relacionado ao aumento de notícias sobre transmissão do vírus entre pessoas que não vieram de países infectados e também quando a primeira morte local é anunciada.
O relatório da Nielsen revela na semana do dia 29 de fevereiro as vendas nos Estados Unidos de determinados itens aumentaram:
- desinfetantes para as mãos (+313,4%);
- máscaras de manutenção doméstica (+475%);
- máscaras para uso médico (+114,5%);
- termômetros (+80,4%);
- desinfetantes em aerossol (+99,6%);
- lenços de limpeza de banheiro (+59,6%);
- kits de primeiros socorros (+52,3%);
- Suplementos (+14,7%).
3º estágio: estoque de alimentos
A partir do momento que são divulgados mais casos sobre a doença e o número de mortes aumentam, os consumidores começam a se preocupar com estoque de alimentos e a procura por uma gama maior de produtos de limpeza, bem como suprimentos para a saúde.
O número de vezes que as pessoas passam a ir aos supermercados é maior, assim como o tamanho dos carrinhos, que aumentam para adquirir mais quantidade desses itens.
Por exemplo, em alimentos e bebidas, as vendas nos EUA na semana encerrada em 29 de fevereiro aumentaram para os seguintes itens:
- leite de aveia (+322,5%);
- feijão (+36,9%);
- carne enlatada (+31,8%);
- carnes frescas (+158,3%);
- laticínios em pó (+84,4%);
- arroz (+25,3%);
- atum (+24,9%);
- água (+11,3%)
- macarrão e massas (+10,4%).
Em relação às vendas das categorias relacionadas à saúde, higiene e limpeza, o aumento foi de:
- suprimentos médicos (+85,3%);
- álcool (+65,5%);
- peróxido de hidrogênio (+32,2%);
- produtos de limpeza multiuso (+29,8%);
- anti-séptico (+24,1%);
- remédios para resfriado / gripe (+18,1%);
- remédios para tosse (+16,9%);
- antibióticos (+15,4%).
4º estágio: preparação para viver em quarentena
A quarta fase é marcada por um aumento contínuo de pessoas diagnosticadas pelo vírus e que levam os governos locais a tomarem medidas de emergências mais restritivas.
Com isso, a pesquisa observou que o número de compras online aumentam, enquanto a visita nas lojas físicas diminuem. Consequentemente, os varejistas começam a ter problemas com estoque e nas cadeias de suprimentos.
Nesse estágio, a pesquisa da Nielsen revela que já se tem sinais previsíveis de gastos dos consumidores. Ou seja, como é um problema global, o comportamento das pessoas é bem parecido.
Dependendo do estágio em que o país afetado se encontra, ele já consegue presumir o que pode acontecer a seguir e se preparar para isso. Claro que essa ideia também vale para as áreas de indústria e varejo.
5º estágio: vida restrita
Nações com casos em massa de coronavírus e comunidades ou regiões bloqueadas, como China e Itália, atingiram o quinto estágio. Nessa fase, os consumidores restringem severamente as compras, o atendimento online é limitado e as preocupações com preços aumentam à medida que os estoques de produtos sob demanda se tornam limitados.
6º estágio: vivendo uma nova rotina
A quarentena acaba nos países mais afetados e a rotina, aos poucos, começa a voltar ao normal. As pessoas retornam ao trabalho, estudos, mas de maneira cautelosa e ainda atentos às recomendações para evitar a contaminação pelo vírus.
As medidas de turnos nas cadeias de suprimentos da indústria e varejo continuam, assim como o uso de e-commerce para compras e os cuidados com a higiene.
O que esperar após a pandemia no mercado de varejo?
Infelizmente não há uma resposta para essa pergunta, mesmo porque o vírus ainda não foi controlado efetivamente. Após 3 meses, só agora a China, o primeiro país afetado, pode comemorar a falta de transmissão local.
O que o relatório da Nielsen aponta é que há uma relação muito clara na divulgação das notícias e o comportamento de compra do consumidor.
Dessa forma, os 6 estágios oferecem indicadores para fabricantes e varejistas de bens de consumo (CPG) que lidam com problemas de oferta para se prepararem para atender a picos de demanda em meio a mudanças nos hábitos de consumo.
Para deixar essa relação mais clara, o estudo fez uma comparação entre o número de vendas de alguns produtos que passaram a ser mais procurados após o coronavírus em diferentes fases da evolução da doença. Veja:
Como você pode notar, assim que a transmissão passa a ser local, ou seja, atinge o 3º estágio, o consumo de CPG aumenta significadamente.
Sendo assim, identificar em qual estágio se encontra o seu país ou região pode ser um caminho inteligente para se preparar para enfrentar essa inevitável pandemia e ter impactos negativos reduzidos no seu negócio.
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*Texto traduzido e originalmente publicado no Supermarket News.