E-commerce de produtos de alto giro: conheça mais desse mercado de US$ 280 bilhões!

O acesso à internet tem mudado a maneira de consumir das pessoas. Tal comportamento é perceptível ao analisar o crescimento do e-commerce ao redor do mundo. Uma pesquisa realizada pela Nielsen apontou que o comércio eletrônico global faturou em 2018 cerca de 2,8 trilhões de dólares (10% das vendas do varejo mundial).

No Brasil, a tendência não é diferente. Cada vez mais nosso consumidor começa a optar pelo comércio online. Segundo a edição 40º da pesquisa Webshoppers, o e-commerce faturou R$53,2 bilhões em 2018, obtendo aumento de 12% em relação ao ano anterior. 

Diante desse cenário, um mercado que não para de crescer é o de produtos de alto giro, que já fatura mais de 280 bilhões de dólares no mundo. Por isso, vamos apresentar ao longo deste texto os principais motivos desse crescimento. 

Neste conteúdo, você vai aprender sobre: 

  • O que é o mercado de produtos de alto giro; 
  • A relação entre o mercado mundial e o mercado de produtos de alto giro;
  • As características que contribuem para o sucesso do e-commerce de produtos de alto giro em um país;
  • A evolução do e-commerce desse mercado no Brasil.

Mercado de produtos de alto giro 

A indústria de bens de consumo de alto giro ou Fast-Moving Consumer Goods (FMCG), representa a maior parte dos produtos que compramos em supermercados e drogarias. 

Essa linha é chamada de produtos “alto giro” por se tratar de produtos que são consumidos quase que diariamente pelas pessoas. Por exemplo, xampus, sabonetes, molho de tomate e bebidas em geral.

Esse segmento possui marcas bem conhecidas do mercado como Ambev, Nestlé, entre outras. Porém, a dinâmica de operações e vendas é bem diferente de outras linhas de produto como geladeiras, televisores, celulares e automóveis. 

Isso porque os produtos de bens de consumo são, geralmente, de baixo custo, descartáveis e com compras de alta frequência. E isso muda muita coisa, principalmente nas vendas no e-commerce. 

Mercado de produtos de alto giro no e-commerce

A dinâmica das vendas online de produtos de alto giro depende muito das características e da natureza dos produtos anunciados. 

Por exemplo, uma pessoa que compra um sofá na internet, muitas vezes, aceita um prazo de entrega de até 90 dias. Por outro lado, quem compra um smartphone, não. Quem compra um perfume, pode aceitar esperar até 7 dias para receber o produto, quem pede uma refeição no IFood, não.

Sendo assim, as vendas de produtos de alto giro no e-commerce possuem muitas especificidades e desafios para os varejistas, ou seja, para os próprios lojistas online. E um dos motivos disso é que o perfil de compra dos consumidores desse tipo de produto ainda não é tão claro para os e-commerces.  

O e-commerce mundial e o mercado de produtos de alto giro 

Os canais de vendas estão se multiplicando com o passar do tempo. O que antes acontecia apenas presencialmente, hoje pode ser feito em frente à tela de um computador. O acesso à internet tem se tornado mais e mais universal, fomentando o consumo de produtos pelo e-commerce. 

Atualmente, 10% do mercado de varejo mundial (2,8 trilhões de dólares) provém dos meios digitais, e esses números tendem a crescer. Até 2020, a expectativa é que o e-commerce alcance 4 trilhões de dólares em valor, segundo a pesquisa “Futuras oportunidades em FMCG e-commerce: impulsionadores de mercado e previsão para 5 anos”, da Nielsen. 

Para empresas que trabalham com bens de alto giro, o comércio eletrônico é uma alternativa nova e em constante evolução. Em 2018, dos US$ 4 trilhões gerados pelas vendas de FMCG, apenas 7% tiveram sua origem na internet. Isso significa que ainda há um mercado em expansão, não saturado e com muitas oportunidades. 

Características que contribuem com o sucesso dos FMCG em um país 

Segundo a pesquisa feita pela Nielsen Company, o sucesso do comércio eletrônico de FMCG’s tem relação direta com as 10 características listadas abaixo:

características para o sucesso do e-commerce de produtos de alto giro 

1. Tamanho do mercado

O desempenho de vendas dos bens de consumo de alto giro não está diretamente ligado apenas ao tamanho da população de uma nação. Devemos considerar também o produto interno bruto do país afinal, não há consumo sem dinheiro.

Além do número elevado de possíveis clientes, as nações mais ricas do mundo atraem muitos investimentos em tecnologias e inovação para o e-commerce. As novas tendências surgem nesses locais e, se forem positivas, se espalham para outras regiões.

Contudo, não se prenda apenas aos locais com populações grandes. Países, como a Nova Zelândia, também têm um ótimo desempenho na venda online de FMCG. Além do PIB, é importante avaliar o poder de compra da população e se ele se encaixa na sua estratégia de marca.

2. Penetração de contas bancárias

No Brasil, 67% dos pagamentos nos e-commerces , durante o primeiro semestre de 2019, foram efetuados com cartões de crédito. O número reflete a real necessidade da segunda característica destacada pela pesquisa.

Sem uma ampla penetração de contas bancárias, as chances de sucesso do comércio digital em um país são baixas. Os meios de pagamento mais utilizados ao redor do mundo no e-commerce, como o PayPal e o cartão de crédito, só podem ser utilizados por pessoas que possuem ao menos uma conta em algum banco.

3. Acesso da população à internet

Sem internet não existe e-commerce. Isso é óbvio. As compras e os pagamentos em meios eletrônicos só acontecem graças a web.

Um case de sucesso é a Rússia. Com o  aumento de 39% da penetração da internet na população, o faturamento passou de 3 bilhões de dólares para 13 bilhões de dólares.

4. Número de smartphones

Os smartphones são mais baratos e fáceis de usar, principalmente quando comparados aos desktops e laptops. Por esse motivo, essa tecnologia faz muito sucesso em países emergentes.

Uma pesquisa realizada pelo CNDL/SPC Brasil mostrou  a relevância da tecnologia móvel para o comércio eletrônico no país. De acordo com o documento, 7 em cada 10 pessoas utilizam o celular para comprar pela internet.

Quando o assunto é FMCG, essa relevância não muda. Segundo a Nielsen Company, o sucesso das empresas de produtos de alto giro é maior quando elas estão em países, no qual mais de 60% da população tem  acesso à smartphones.

5. Facilidade de fazer negócio

A burocracia de um país pode ser um grande empecilho quando o assunto é e-commerce. Nações com trâmites muito complexos, sejam para importação e exportação ou para a abertura de uma empresa, costumam possuir um mercado digital menos maduro para os FMCG’s.

6. Densidade populacional

A densidade populacional, de acordo com a metodologia de cálculo utilizada pelo IBGE, é a quantidade de habitantes por quilômetro quadrado do território brasileiro.

Sua importância na venda online de FMCG é, principalmente, pela facilitação da logística. Quanto maior é a densidade demográfica, mais viável é a entrega e menor é o número de lojas e depósitos necessários.

7.  Confiança no serviço postal

O e-commerce depende de um canal de entrega do produto. Os consumidores precisam ter a confiança que seu produto chegará no prazo e sem danos para, então, efetuar a compra.

8. Confiança nos vendedores

De nada adianta uma entrega eficiente se o seu produto não condiz com as descrições apresentadas ao comprador ou se o seu processo de pagamento é falho. 

No e-commerce, o principal desafio é não ter um vendedor para explicar melhor sobre o produto. Portanto, as informações na página de produto devem cumprir esse papel de não deixar o consumidor com nenhuma dúvida.

9. Cultura de poupança

A relação entre população com tendência a investir e o êxito do e-commerce é muito forte.

A explicação para tal comportamento é que, os poupadores sempre estão a procura de bons negócios, com um valor agregado satisfatório. Ou seja, quanto mais opções de consulta antes de adquirir algo, melhor e isso o e-commerce pode dispor com prontidão, já que as opções de compra são inúmeras

10. Maturidade dos varejistas de FMCG

A estabilidade dos vendedores está diretamente ligada ao triunfo das venda online. Sem isso, não há evolução e as empresas acabam morrendo antes do esperado.

E-commerce no Brasil 

A chegada da internet no Brasil foi lenta e gradativa, até hoje nossa banda não é tão eficiente se comparada com a de países como a Coreia do Sul. Contudo, somos um importante centro comercial regional e uma das maiores economias do mundo. 

Após uma crise econômica, o PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2018, segundo o IBGE. O aquecimento da economia impulsionou o e-commerce nacional. No mesmo ano, a Ebit|Nielsen divulgou que as vendas online cresceram 12% e atingiram uma arrecadação de R$ 53,2 bilhões. 

Oportunidade no país 

O Brasil está em plena expansão do seu nicho de e-commerce. Atualmente é o maior mercado online da América Latina. Ainda muito ligado à cidade de São Paulo, o comércio eletrônico está chegando para outros estados e regiões. 

O Sul e o Sudeste, por exemplo, impactam 77,2% das vendas pela internet. Portanto, são mais maduras e preparadas para compras na internet se comparados às outras regiões.

Contudo, cada região brasileira possui um comportamento único e uma demografia diferente das outras. Dado isso, as empresas devem avaliar cada mercado em separado.

Das 10 características citadas anteriormente, duas delas estão otimizadas para o e-commerce (tamanho do mercado e cultura de poupança). 

característica do Brasil para o e-commerce dos produtos de alto giro

Todavia, as outras ainda estão em desenvolvimento. Um exemplo é o aumento do acesso à smartphones citado na 39ª edição da pesquisa Webshoppers, que passou de 63% em 2017 para 70% em 2018. 

As vendas por smartphones ganham cada vez mais espaço por aqui. Uma pesquisa da Ebit|Nielsen apontou que o m-commerce cresceu 41% em 2018 Além disso, em janeiro 2019, 42,8% de todo o e-commerce brasileiro tem origem no m-commerce. 

Criar novos canais de vendas é essencial. Além disso, desfrutar das oportunidades ainda abertas ajudam na consolidação da sua empresa. O e-commerce é uma tendência no Brasil e pode ser muito bem aproveitado.

Entrar em um novo mercado é desafiador. Por isso, antes de começar uma nova empreitada a coleta de dados é essencial. Se você atua no ramo dos produtos de alto giro e pretende entrar no mundo do e-commerce brasileiro comece ao poucos.

Uma dica é se estabelecer nas regiões maduras primeiro. Com isso se torna mais fácil entender, por exemplo,  qual é o melhor modelo de negócios para a sua marca e quais os varejos relevantes. 

Espero que esse texto ajude você a entender mais sobre o e-commerce de produtos de alto giro. Se quiser saber mais sobre a qualidade do e-commerce no Brasil, América Latina e Estados Unidos, não deixe de baixar o EQI!

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Samuel Marcandier

Estudante de economia, viciado em tech, Marketing e café. Tentando ficar acordado até 3 da manhã para acompanhar todos os jogos da NBA.

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