Tendências: o futuro do e-commerce no Brasil

O mercado brasileiro de comércio eletrônico está há anos em expansão. Segundo o relatório mais recente do Webshoppers, 36% da população do Brasil é digital buyer, o que coloca o país em primeiro lugar no quesito faturamento na América Latina. O mesmo estudo ainda revela perspectivas de crescimento para o setor de 12% apenas em 2020.

Neste cenário favorável, saber as principais tendências de e-commerce é primordial para colher resultados positivos para o varejo e indústria no futuro. Por isso, separamos as principais vertentes que vão guiar o segmento nos próximos anos. Confira!

O cenário atual do e-commerce brasileiro

Antes de aprofundarmos nas tendências, vale fazer um breve resumo de como o segmento de comércio eletrônico se desenvolveu nos últimos anos no Brasil. Um exercício interessante é pensar na rota global do e-commerce, que é baseada nos tipos de consumo e dividida em cinco fases, como mostra a imagem abaixo:

rota-do-e-commerce

Fonte: 40ª edição Webshoppers

Cada fase representa a maturidade do mercado de e-commerce e varia em cada país. A China, por exemplo, se encontra no quinto e último estágio, o que faz do país referência no setor. 

Já o Brasil, atualmente, precisa se desenvolver na quarta fase, que engloba as categorias de produtos de giro rápido (FMCG, abreviação em inglês). Atingir a consolidação nesse estágio significa que o mercado brasileiro estará preparado para as diversas tendências que estão surgindo na área.

Além de estar em uma etapa mais avançada de vendas online, a qualidade do comércio eletrônico no país melhorou consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o E-commerce Quality Index 2019 (EQI), o Brasil está em 2º lugar neste aspecto, atrás somente dos Estados Unidos. 

Claro que existem muitos outros fatores para melhorar a experiência do consumidor nos sites nacionais, como avaliações (rating), comentários (review) e descrição dos produtos. Entretanto, saber que o país está em destaque no continente latino americano é motivador para o varejo e indústria. Os números mostram essa realidade:

Obviamente, as empresas precisam se adaptar a essa nova realidade ou acabarão perdendo espaço para a concorrência. Agora que você compreendeu o cenário atual do e-commerce no Brasil, vamos falar sobre as tendências!

Tendência 1: a era dos super apps

As pessoas estão cada vez mais usando mobile devices, mas a sua empresa sabe o que mais elas acessam? Aplicativos! Segundo um estudo da Smart Insights, 90% do tráfego em dispositivos móveis são provenientes de apps.

Então, criar um app para o e-commerce seria uma boa solução, certo? Talvez não!  As pessoas têm, em média, de 60 a 90 apps instalados no celular. Embora elas passem em torno de 2h utilizando aplicativos, 77% desse tempo é gasto em apenas três apps. 

É por isso que surgiram os super apps, que consistem em aplicativos nos quais dentro deles você consegue resolver todo e qualquer tipo de questão. Dessa forma, eles se tornam uma alternativa a serviços que não querem competir pelo tempo dos usuários.

Um bom exemplo de super app é o WeChat, desenvolvido pela Tencent e que domina o dia a dia dos chineses. No aplicativo, os usuários podem conversar com outras pessoas, pagar refeições, fazer compras, jogar, agendar consultas médicas e diversas outras atividades. Qualquer pagamento é feito via QR Code, o que deixa o processo mais rápido e simples.

No Brasil, o Rappi é o que mais se enquadra nesse perfil e marcas, como o Carrefour, estão fazendo parcerias com a startup para melhorar a logística e acelerar o crescimento das vendas online. 

O motivo? Os super apps acabam se tornando uma ótima solução para captação de novos clientes e retenção de usuários, aspectos básicos para ter uma boa taxa de conversão no e-commerce. Prova disso é que cerca de 50% das vendas do supermercado via aplicativo são para novos consumidores.

Tendência 2: a revolução da cadeia de suprimentos

Atuar em uma jornada de compra omnichannel é altamente desafiador, já que a busca pelo produto, a aquisição e a entrega podem ser realizadas de diversas formas. A anos atrás para comprar um tênis novo você tinha duas opções: ir até a loja ou comprar online. 

Hoje, com o surgimento de aplicativos de entregas, como o Rappi, iFood e Uber Eats, os consumidores passaram a experimentar a conveniência por um preço muito mais acessível. Dessa forma, a compra online de produtos FMCG (sigla do inglês para fast-moving consumer goods ou bens de grande consumo), como roupas, comidas, medicamentos ficou muito mais fácil.

Essa mudança de comportamento afeta diretamente a cadeia de suprimentos de uma loja virtual, que precisa atender essa demanda com mais agilidade e eficiência. Para dar conta dessa exigência, grandes sites de varejo, como a Magazine Luiza, estão apostando em ampliar a quantidade de lojas físicas. 

Parece não fazer sentido, investir no offline para crescer no online, não é mesmo? Contudo, a ampliação das lojas significa crescimento no estoque e, quando localizadas em pontos estratégicos, tornam as entregas bem mais rápidas.

Outro exemplo interessante é fazer o consumidor se tornar mais ativo no processo de compra. Ele pode adquirir um item online, mas retirar o produto offline. Lojas de departamento, como a Riachuelo e Ponto Frio, já utilizam essa estratégia. 

Tendência 3: boom das contas digitais

De acordo a pesquisa do Webshoppers, o cartão de crédito é a escolha feita por 67% dos consumidores na hora de pagar um produto online, se tornando o meio de pagamento mais utilizado nesse tipo de comércio. Em contrapartida, vivemos em um país no qual um terço da população é desbancarizada, ou seja, não possui um cartão de crédito para chamar de seu.

Como aproveitar essa parcela de consumidores que é, em sua maioria, das classes econômicas C, D e E e transformá-los em compradores ativos? Com as contas digitais.

No entanto, não precisa ser uma fintech como o Nubank ou um banco para promover essa mudança. Grandes varejistas já possuem uma base de usuários ativos, então, basta integrar a plataforma de e-commerce a opção de realizar transferências online. Empresas como a B2W, donas das lojas virtuais Americanas, Shoptime e SouBarato, já tem uma conta, a Ame Digital.

ame-digital

Dentre os benefícios de criar contas digitais para suas próprias marcas, estão a fidelidade do consumidor à bandeira da empresa e à ampliação das ofertas financeiras que podem contribuir para o aumento do número de vendas online.  

Nesse sentido, as contas digitais podem ser uma ótima forma para o varejo criar novas linhas de faturamento e também de diferenciação frente a forte tendência de redução de números de players no mercado.

Tendência 4: a força dos marketplaces

Um dos maiores desafios de uma loja virtual é conseguir a visibilidade necessária para ter um bom volume de vendas e, consequentemente, um alto faturamento. Prova disso é que o Brasil tem 6 milhões de varejistas e apenas 50 mil vendem online.

Mas é possível estar presente no mundo digital sem ter um e-commerce próprio? Por meio dos marketplaces. O conceito já faz parte do segmento desde 2012, mas agora a tendência está se consolidando porque é vantajoso para os sellers e tem grande aderência entre os consumidores.

Uma pesquisa feita pela UPS Pulse of the Online Shopper 2019, revela que só no Brasil, por exemplo, 95% dos consumidores que compram online utilizam marketplace. Além disso, cerca de 44,1% pretendem comprar mais produtos por esse tipo de plataforma nos próximos 12 meses. 

Os números são tão expressivos que, mesmo empresas que não tinham foco em varejo, como o Instagram, estão investindo nessa ideia. A rede social lançou recentemente o botão de check-out na sua plataforma. Dessa forma, os lojistas com contas na plataforma poderão finalizar as suas vendas por meio do app.

Seja em um grande site, como Amazon e Magazine Luiza ou em uma rede social, a boa notícia é que as vitrines onlines estão maiores e melhores.

Tendência 5: o poder na mão do consumidor

A jornada de compra deixou de ser linear há muito tempo porque o comportamento do consumidor mudou. Ele não está limitado apenas a loja física para adquirir um produto. Agora ele pode iniciar a compra pesquisando no smartphone, indo em uma loja para experimentar o produto e depois finalizar a compra via computador, no conforto do sofá da sua casa. 

O processo de compra está tão pulverizado que, em 2018, o brasileiro visitou em média 8 canais diferentes para fazer suas compras ao longo dos anos. Isso significa que ele está mais informado, conectado e, portanto, tem mais tempo para tomar uma decisão de compra. Ele é o protagonista do processo e não apenas um alvo. 

Sendo assim, independentemente onde será o checkout, sempre será necessário apresentar conteúdo relevante sobre o produto a fim de conquistar o clique do consumidor. 

Outra estratégia interessante e já consolidada é apostar em UGC (User Generated Content). A empresa Bllush, por exemplo, fez uma análise da taxa de conversão de alguns produtos da Nike comparando fotos produzidas pela empresa com imagens feitas pelos usuários usando as duas fotos abaixo:

nike-image

nike-ucg

Apesar de ambas mostrarem o mesmo produto, o conteúdo UCG teve uma taxa de conversão três vezes maior do que o produzido pela própria empresa.

nike-produtos

Com esses dados, já deu para entender porque a estratégia de UCG é valiosa, certo? Além de trazer ainda mais confiabilidade para a marca, traz mais conversões.

Tendência 6: a estratégia D2C

O modelo de venda tradicional do varejo segue a seguinte cadeia: a indústria fornece os bens para as lojas, que revendem esses produtos para o consumidor final. Com o surgimento da internet e, consequentemente, o início de processo de compras online, essa cadeia sofreu diversas mudanças.

A mais recente envolve a venda de produtos CPG (em inglês consumer packaged goods ou bens de consumos embalados). De acordo com o relatório da Forbes, a estimativa é que até 2025, 20% das vendas de produtos CPG ocorrerão online.

Com esse cenário, uma tendência começou a surgir no mercado e tem se tornado promissora: a venda D2C (direct to customer), ou seja, quando indústrias, importadoras ou distribuidores passam a vender mercadorias ao consumidor final. 

Tal modelo está se tornando popular porque elimina os intermediários no processo de vendas, representando um custo de distribuição menor com margem de lucro maior. Marcas como a Nike, já estão se beneficiando desse modelo. A projeção da empresa é atingir 50 bilhões de dólares em vendas até o final de 2020 com essa estratégia.

Por isso, pensando nessa estratégia a Lett criou o 2buy, uma ferramenta de direcionamento de tráfego que mostra aos visitantes no canal da sua marca uma variedade de lojas online que vendem seu produto. É a maneira perfeita de se conectar com o consumidor final. Quer saber mais sobre a ferramenta? Clique aqui

Tendência 7: o poder do voice commerce

A busca e compra por voz tem tudo para dominar o mercado de e-commerce.  Até o final de 2020, 50% de todas as buscas nos celulares serão acionadas por voz no mundo. No Brasil, essa taxa já é de 41%. 

Nesse contexto, ter assistentes virtuais que possam responder e orientar todas as dúvidas dos consumidores é o segredo para aproveitar esse novo comportamento. Uma pesquisa realizada pela PwC aponta que 10% dos consumidores utilizam assistentes virtuais como a Lu do Magazine Luiza e a Alexa da Amazon para fazer compras online semanalmente. 

As vantagens de investir nesses recursos são significativas, pois os robôs podem responder dúvidas gerais e agilizar a jornada de compra do consumidor. Além disso, eles conseguem encaminhar o usuário para um atendente humano se for uma demanda muito específica, trazendo mais personalização, engajamento e conveniência para o cliente.

O cenário para o e-commerce nos próximos anos está promissor e agora é a hora para se preparar, experimentar e inovar. Entender que não há mais separação entre online e offline, que o poder está nas mãos do consumidor e que a experiência dele é o que impactará diretamente nas vendas do negócio é essencial para conseguir surfar nessa onda de transformações.

Quer saber como começar a colocar algumas dessas tendências de e-commerce em prática? Então, baixe o EQI para ter insights ainda mais valiosos para os negócios!

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Larissa Borges

Escrever é o que me move, por isso escolhi ser jornalista. Sempre levo um livro na bolsa, gosto de acompanhar tudo sobre tecnologia e troco fácil uma balada pela Netflix.

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